
5 Filmes para Refletir na Sexta-feira Santa: Fé, Dor e Esperança no Cinema
4 min.
18/04/2025
Ériton Cláudio
A Sexta-feira Santa é um dos momentos mais solenes do calendário cristão, marcada pela reflexão sobre o sacrifício de Jesus Cristo e os temas universais da dor, fé, redenção e esperança. Nesse dia de silêncio e contemplação, o cinema pode ser um poderoso aliado para mergulhar na espiritualidade e revisitar, com olhos atentos e coração aberto, os eventos que moldaram a fé de milhões ao longo dos séculos.
A seguir, selecionamos cinco filmes que abordam, de maneiras distintas, a vida, a paixão e os mistérios em torno de Cristo. Seja por meio de uma abordagem fiel aos textos sagrados, de releituras artísticas ou de histórias paralelas que cruzam com o divino, todos eles convidam à introspecção e ao reencontro com o sagrado.
1. A Paixão de Cristo (2004)

Dirigido por Mel Gibson, este filme retrata com crueza e intensidade as últimas 12 horas da vida de Jesus Cristo. A narrativa começa no Jardim do Getsêmani, onde Jesus é traído por Judas e capturado pelos soldados romanos, e segue por todo o calvário até sua crucificação. Filmado em aramaico, hebraico e latim, o longa busca transmitir uma autenticidade profunda dos eventos bíblicos. Com cenas extremamente fortes e impactantes, é uma obra que provoca uma experiência emocional intensa, levando o espectador à reflexão sobre dor, sacrifício e redenção.
2. Ressurreição (2016)

Neste filme dirigido por Kevin Reynolds, a história da ressurreição de Jesus é contada a partir de um ponto de vista original: o de um tribuno romano chamado Clavius, encarregado de investigar o desaparecimento do corpo de Cristo. A partir do momento em que começa sua busca, Clavius vê sua visão de mundo ser desafiada, enquanto tenta entender um milagre que contraria tudo em que acreditava. Misturando elementos de drama histórico com suspense investigativo, o filme propõe uma jornada de fé e dúvida, ideal para quem deseja refletir sobre o poder transformador da ressurreição.
3. Ben-Hur (1959)

Este clássico dirigido por William Wyler é uma superprodução épica ambientada na época do Império Romano. A trama acompanha Judá Ben-Hur, um príncipe judeu traído por um amigo de infância e condenado às galés. Ao longo de sua jornada de vingança e sobrevivência, Ben-Hur acaba cruzando o caminho de Jesus Cristo em momentos decisivos. O filme é célebre não apenas por sua grandiosidade técnica — incluindo a icônica corrida de bigas —, mas também por sua mensagem de perdão, redenção e espiritualidade, que ressoa profundamente com o espírito da Sexta-feira Santa.
4. Jesus Cristo Superstar (1973)

Dirigido por Norman Jewison, este musical ousado e original apresenta os últimos dias de Jesus com uma trilha sonora rock marcante e figurinos modernos, misturando elementos contemporâneos com a narrativa bíblica. Baseado no musical homônimo de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, o filme retrata o conflito interno de Judas Iscariotes, que se preocupa com a crescente fama de Jesus e teme que isso prejudique sua missão. Com forte carga simbólica e artística, a obra é uma releitura ousada que convida à reflexão sobre fé, humanidade e sacrifício sob uma ótica moderna e emocionalmente poderosa.
5. O Evangelho Segundo São Mateus (1964)

Dirigido pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, este filme é considerado uma das adaptações cinematográficas mais fiéis e reverentes da vida de Jesus Cristo. Filmado em preto e branco, com elenco não profissional e locações naturais, o longa transmite simplicidade, realismo e espiritualidade. Pasolini, um ateu marxista, surpreende ao tratar a figura de Jesus com grande respeito e admiração, baseando-se diretamente no texto do evangelho de Mateus. O resultado é uma obra contemplativa e poética, que convida o espectador à meditação sobre a vida e os ensinamentos de Cristo de forma direta e comovente.
Cada um desses filmes, à sua maneira, oferece um olhar profundo e sensível sobre os mistérios da fé, o sofrimento humano e a esperança que nasce do sacrifício. Em uma data tão carregada de simbolismo como a Sexta-feira Santa, essas obras não apenas contam histórias — elas tocam o íntimo, despertam perguntas e, muitas vezes, silenciam respostas. Seja para renovar a espiritualidade, para refletir sobre a jornada de Cristo ou simplesmente para se permitir um momento de contemplação, que essas narrativas sirvam como pontes entre o cinema e o sagrado.