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    A História por trás do Batman de Tim Burton!

    A História por trás do Batman de Tim Burton!

    6 min.29/10/2020Guilherme Salomão

    Quando o assunto é Batman nos cinemas, um dos principais destaques é, sem sombra de dúvidas, a adaptação do herói comandada pelo diretor americano Tim Burton. Lançado em meados de 1989, o filme (simplesmente intitulado de "Batman") estrelado por Michael Keaton e Jack Nicholson foi um sucesso estrondoso de público e rendeu boas críticas na época de seu lançamento, sendo hoje, mais de 30 anos depois, um clássico do cinema de super-heróis.

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    Sensacional Pôster de Batman (1989).

    Para compreendermos a história por trás desse longa, é necessário uma pequena viagem no tempo, até 1966, ano em que o cruzado encapuzado era foco de uma série de televisão camp (algo exagerado e cafona), com Adam West (falecido em 2017) no papel de Batman e Burt Ward como Robin. O programa possuía um tom muito mais leve, nos apresentando um Batman mais "alegre" do que o que estamos acostumados a ver nos últimos anos. Marcada por momentos de humor irreverente e pelas cenas de ação embaladas por onomatopeias na tela, a série, que ainda rendeu um longa-metragem para o cinema, por muito tempo definiu no imaginário popular de quem se tratava o personagem Batman.

    Batman e Robin da série dos anos 60.

    Porém, nos quadrinhos a história já era um pouco diferente. Desde os anos 70 passando por algumas reformulações nas mãos de autores como Neal Adams, o Homem-Morcego chegou no auge de um tom mais sombrio nos anos 80. Nessa época, as mudanças na indústria dos quadrinhos foram significativas. Graças a obras como Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibons, e MAUS, de Art Spiegelman, as histórias em quadrinhos provavam que podiam ser veículos de tramas mais maduras e adultas, com forte teor político e social. Foi nessa onda que, em 1986, uma outra obra das mais influentes dos quadrinhos desse período foi lançada: Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. Nela, acompanhamos o Cruzado Encapuzado, por volta dos seus 60 anos de idade, aposentado do combate ao crime. Porém, tudo muda em sua vida quando uma onda de criminalidade volta a assolar Gotham City e ele se vê obrigado a ter que voltar a ativa.

    Capa de Batman: O Cavaleiro das Trevas. Originalmente, a história se chama Batman: The Dark Knight Returns.

    Foi mais ou menos nesse contexto que a Warner Bros, que já havia adaptado o Superman para os cinemas em quatro longas, estrelados pelo lendário Christopher Reeve, decidiu trazer também o Batman para as telonas. O estúdio, na verdade, foi o único a aceitar a ideia dos produtores do longa de se fazer uma adaptação do personagem, já que a proposta de fazer um Batman sombrio desagradava a maioria dos outros, que preferiam um filmes no estilo da série dos anos 60. As discussões a respeito da adaptação se prolongaram ao longo de quase toda a década de 80, ganhando fôlego somente com o sucesso dos quadrinhos citados anteriormente e com a ascensão de um jovem diretor cujos filmes possuíam uma pegada mais soturna e gótica: Tim Burton.

    Tim Burton. Com sua estética peculiar gótica e sombria, o diretor além de Batman emplacou sucessos na carreira como Betleejuice e Edward Mãos de Tesoura.

    Burton, ainda muito jovem na época, já havia emplacado dois sucessos que serviram de sinal verde para Batman: As Grandes Aventuras de Pee Wee (1985), seu longa de estreia, e Beetlejuice: Os Fantasmas se Divertem (1988). O roteiro do filme foi escrito por Sam Hamm e por Warren Skaaren após um tratamento inicial do autor de quadrinhos, que já havia trabalhado com o Homem-Morcego previamente, Steve Englehart. Esse último acabou não sendo creditado no final por sua influência no roteiro da obra.

    No elenco, as escolhas foram Michael Keaton para o papel de Bruce Wayne/Batman, que já havia trabalhado com Tim Burton previamente em Beetlejuice, e o já experiente Jack Nicholson para viver o Coringa. A escolha de Keaton, que vinha de bons papéis na comédia, gerou polêmica entre parte do público da época, que acreditava que o ator não tinha perfil para viver o herói. Já Nicholson, que trazia na bagagem duas vitórias no Oscar, uma em 1976 por Um Estranho no Ninho (1975) e outra em 1984 por Laços de Ternura (1983), foi o nome de peso que o estúdio decidiu trazer para o projeto.

    Michael Keaton e Jack Nicholson como Batman e Coringa.

    Sustentado por uma forte campanha de Marketing, Batman foi lançado em junho de 1989 e se tornou um sucesso mundial estrondoso. Com uma boa aceitação por parte da crítica e do público em geral, o filme se tornou a maior bilheteria do ano de 1989, com mais de 400 milhões de dólares arrecadados no mundo todo. A performance de Keaton, apesar da desconfiança gerada inicialmente, foi bem elogiada, assim como a de Nicholson, que rouba a cena ao longo das duas horas de filme e, por muitos, é tido como a alma do longa.

    Um dos destaques da campanha de Marketing de Batman foi ter espalhado esse pôster misterioso ao redor do mundo todo, com somente o logo do personagem e uma data, sem muitas explicações a mais.

    Outros destaques foram para seus pontos técnicos e visuais. Principalmente, a direção de Burton; o excelente Design de produção; os figurinos e a Direção de arte vencedora do Oscar, que nos apresentou uma Gotham City estilo gótica e o icônico Batmóvel. Além desses, a trilha sonora de Danny Elfman também foi bastante elogiada, com o seu tema do Batman sendo um dos mais associados ao personagem até hoje. Por outro lado, a crítica não perdoou outros pontos. Entre eles, a participação do cantor Prince compondo músicas originais (para muitos totalmente descasadas do tom do longa) e alguns aspectos do roteiro, que muitas vezes é pouco estruturado e com algumas escolhas criativas que soam um pouco forçadas.

    A Gotham City do longa.

    Hoje em dia, mais de 30 anos depois, o legado do Batman de Burton, como dito, é inegável. O filme gerou um movimento na época conhecido como "Batmania", despertando um interesse coletivo gigante no público em conhecer e descobrir mais a respeito do Homem-Morcego. O filme ainda viria a ter três sequências- Batman: O Retorno (1992), também comandado por Burton; Batman: Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997). Esses dois últimos nas mãos de Joel Schumacher desagradaram o público e a crítica por conta de uma mudança terrível de tom em relação aos seus antecessores.

    Tim Burton comandando suas estrelas no set de Batman.

    Fato é que, apesar de qualquer ponto ou sequência desagradável, Batman foi um marco para o cinema de super- heróis, que revolucionou a imagem do Homem-Morcego para o imaginário popular, sendo esse talvez o mais influente filme da categoria depois dos do Superman de Christopher Reeve. Ele é daqueles casos de que quem assistiu na época nos cinemas, fala com orgulho e emoção de ter sido parte da experiência de viver um fenômeno cultural.

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