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Crítica- Em tom de despedida, John Wick 4: Baba Yaga coleciona gêneros e referências na busca de se tornar um épico da franquia.

Crítica- Em tom de despedida, John Wick 4: Baba Yaga coleciona gêneros e referências na busca de se tornar um épico da franquia.

4 min.23/03/2023Guilherme Salomão

Desde que fez sua estreia nos cinemas em 2014 com De Volta ao Jogo, John Wick se tornou uma das mais queridas franquias de ação da atualidade. Comandada por Chad Stahelski e estrelada por Keanu Reeves, é surpreendente como que, nesse contexto de sucesso, a história desse assassino em busca de vingança pela morte de seu cachorro resultou em uma série de filmes que apenas amadureceu com o passar do tempo, tornando-se melhor a cada um de seus novos lançamentos (um caminho muitas vezes contrário ao de tantas outras sagas de sucesso), que parecem, por sua vez, cada vez mais aprimorar os elementos que se tornaram característicos desse universo estabelecido por Stahelski e cia.

Após os acontecimentos de John Wick 3: Parabellum (2019), em John Wick 4: Baba Yaga, passando por Nova York, Berlim, Paris e Osaka, John Wick (Reeves) prepara a sua vingança final contra a organização conhecida como a alta cúpula. A recompensa pela sua cabeça, entretanto, está cada vez maior, e, em busca de sua tão desejada liberdade, Wick terá que enfrentar o poderoso Marquis de Gramont (Bill Skarsgård) e seus capangas, que incluem Caine (Donnie Yen), um lutador formidável que uma vez fora um aliado seu.

Antes de partir para a ação desenfreada em si, esse quarto filme da franquia busca explorar alguns resultados diretos das ações de Wick nos filmes anteriores. Há, nos primeiros minutos de projeção, um foco no desenvolvimento mais diplomático das consequências que cercam os seus feitos, que envolvem a sua relação com seus principais aliados, sobretudo com os personagens de Bowery King (Laurence Fishburne) e Winston (Ian McShane), e que são a base de toda a trama- já que é ela a responsável por, dentre outros fatores, apresentar para o público novos núcleos e personagens que serão cruciais para o filme, como é o caso do próprio antagonista vivido por Bill Skarsgård.

Dessa "preparação de terreno" em diante, a estrutura narrativa do longa como um todo é mais uma vez desenvolvida apostando na bem-sucedida mitologia dos filmes da franquia. Sendo assim, a trama é simples e envolvente; a fotografia é estilizada, usando e abusando das cores para a confecção de um tom neo-noir atraente para os ambientes vistos em cena; e a câmera de Stahelski é inquieta, passeando com poucos cortes pelas cenas de ação e apostando em planos abertos de enquadramentos milimetricamente calculados em outros momentos. Indo além, as sequências de ação em que a ambientação se torna parte da ação propriamente dita, a influenciando de forma direta e não sendo somente um cenário para tal, são também destaques em Baba Yaga- como é o caso da perseguição no Arco do Triunfo e a sequência nas escadarias da Basílica de Sacre Coeur.

Chama atenção, no entanto, como todos esses elementos são potencializados por Chad Stahelski na busca de tornar esse em um épico da saga do assassino profissional implacável. Esse fator, aqui, se reflete não só na longa duração do filme propriamente dita, que conta com quase três horas, mas também na mistura competente e grandiosa de referências a gêneros e estilos dos mais prolíferos do cinema. Desde as sequências iniciais situadas em Osaka, no Japão, onde a ação é elaborada a partir de referências a Filmes de Smaurai clássicos, até o envolvente clímax, em que a tensão do embate entre Wick e o personagem de Donnie Yen nasce de uma bela homenagem a um dos maiores expoentes do Western: Três Homens em Conflito, de Sergio Leone, cujo a alusão é refletida dos cortes da montagem até a trilha sonora, de arranjos que remetem diretamente aos do maestro Ennio Morricone.

Sacramentado, então, como um filme de ação cativante por sua grandiosidade e qualidade técnica, ainda há em John Wick 4: Baba Yaga espaço para um clima emotivo de redenção em seu instantes finais. Após quatro filmes de incontáveis mortes, quedas, tiros, atropelamentos, etc. os momentos em que o personagem de Keanu Reeves se vê com o seu objetivo cumprido (e evitar entrar em mais detalhes sobre essa parte é crucial para evitar possíveis spoilers), encerram um arco de forma satisfatória, porém sem deixarem de ser instigantes e questionadores pelo futuro de uma franquia que, definitivamente, é uma das melhores e mais efetivas no que faz.

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