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    Crítica: Estiloso, original e regado a Rock, Cruella é um dos melhores Live Action da Disney até hoje!

    Crítica: Estiloso, original e regado a Rock, Cruella é um dos melhores Live Action da Disney até hoje!

    6 min.30/05/2021Guilherme Salomão

    Cruella, a mais nova adaptação Live Action da Disney está entre nós! Uma das "modas" que mais divide opiniões no mercado do Cinema blockbuster contemporâneo são essas tais versões em Live Action de animações consagradas, que marcaram gerações. Nos últimos anos, principalmente por iniciativa da própria Disney, que enxerga uma forma de faturamento quase que certa nesses projetos, vimos Cinderela, Bela Adormecida, Rei Leão, Aladdin, etc, que uma vez foram, e são, animações icônicas da casa do Mickey, ganharem suas versões com atores e atrizes. Um dos pontos mais abordados pela maioria dos críticos desse modelo, é justamente em relação a originalidade desses projetos. Afinal, não seriam eles somente caça-níqueis genéricos jogando seguro na nostalgia do público e não trazendo nada de realmente diferente? É difícil de se obter uma resposta exata para esse questionamento. Porém, uma coisa é certa: Enquanto os live action forem vistos como dinheiro fácil por uma gigante como a Disney e como entretenimento garantido por uma parte do público (que é, consequentemente, o responsável por esse faturamento), eles continuarão a serem feitos a todo vapor. E quem somos nós para irmos contra isso?

    Nesse contexto, cá estamos em 2021, com mais um live action da Disney: Cruella, que vem para justamente desafiar esse modelo e mostrar que originalidade e sair do óbvio não são ideias paradoxais quando falamos desse modelo de adaptação. Estrelado por Emma Stone no papel principal, Cruella conta uma história de origem da icônica vilã de 101 Dálmatas, o que, diga-se de passagem, já é um ponto que joga a favor na questão da originalidade. Na trama, somos apresentados a Estella, uma jovem inteligente, criativa e desafiadora dos padrões, que sonha em fazer seu nome através de seus designs de moda. Ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman, uma prestigiada, porém, extremamente egocêntrica, estilista, que acaba por abraçar seu talento. Apesar disso, o convívio entre as duas e uma série de revelações, levam Estella, movida por vingança, a abraçar sua persona maligna, Cruella.

    Começando por Emma Stone, a atriz está incrível no papel que uma vez fora da veterana Glenn Close (que aqui atua como uma das produtoras executivas do filme), em 101 Dálmatas, de 1996. Cruella embarca a fundo na questão das diferentes personas que são a inocente e comportada Estella e a maquiavélica vilã por trás dessa. Nesse Contexto, Stone, uma das melhores atrizes dessa geração, transita perfeitamente entre as duas. A performance da vencedora do Oscar de Melhor Atriz por La La Land se sustenta nas sutilezas que diferenciam Estella de Cruella, onde os momentos de virada (ou de transformação) de uma para a outra são convincentes e bem construídos. Neles, Stone, auxiliada por um bom roteiro, que, por sua vez, é muito competente em apresentar a origem da personalidade vilanesca, o nascimento da Estella que a ofusca e, mais tarde, a sua "morte", tem liberdade total para roubar a cena para si e se mostrar extremamente a vontade no papel. Junto dela, vale ressaltar também Emma Thompson, muito bem no papel da Baronesa Von Hellman e os excelentes Joel Fry e Paul Walter Hauser, que vivem os capangas de Cruella e dão um toque de humor na medida certa para o filme.

    Além da incrível performance de Emma Stone e do elenco como um todo, Cruella é também um espetáculo técnico impressionante. Se fosse para definir o filme em uma única palavra, essa seria estiloso. Sob o comando do diretor Craig Gillespie, todos os aspectos técnico-narrativos do longa conversam perfeitamente entre si, criando uma unidade narrativa e estilística que mira uma estética onde o Punk Rock e o Gótico se misturam, e fazem de Cruella um filme que possui uma identidade própria cativante, fugindo completamente do genérico. Da fotografia de Nicolas Karakatsanis, que joga forte em tons acinzentados e no contraste entre preto e branco, ao trabalho de cabelo e maquiagem, tudo no filme trabalha em nome da estética "roqueira" proposta. E por falar em Rock, Cruella, ainda por cima, é regado a melhor trilha sonora possível para embalar todo esse estilo proposto. Apostando em clássicos, ao longo do filme a experiência se torna ainda melhor ao som de nomes como Supertramp, The Stooges, Queen, The Rolling Stones, Blondie, The Doors e da canção original Call me Cruella, composta pela banda Florence + The Machine, especialmente para o longa.

    Os figurinos de Cruella merecem um destaque extra. Assinados por Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria), além de seguirem toda a estética proposta, eles são também um ponto chave da projeção por serem um exemplo perfeito de caso onde a forma se mistura com o conteúdo de maneira perfeita. Afinal, Cruella é um longa que possui como um dos seus temas centrais a moda e a profissão de estilista, que a nossa protagonista é uma aspirante e completa apaixonada, e todos os figurinos criados por Beaven beiram a perfeição e transformam em algo tangível os ideais, primeiramente, da inocente Estella, e, mais tarde, de sua persona sem rédeas que nomeia o título. Beaven faz a leitura perfeita de que nada seria mais justo do que um filme que fala sobre criar roupas "estilosas", seja composto, justamente, por roupas "estilosas".

    Apesar de tudo isso, Cruella possui uma ou outra decisão de roteiro um pouco exageradas. Se a história de origem das personas da protagonista é muito bem trabalhada desde o início, algumas reviravoltas e explicações de certas origens podem acabar por desagradar uma parte do público, por soarem um pouco forçadas. De fato, em determinado momento da história, Cruella, quando aparentava dar um “final” a jornada da protagonista, decide se estender e se aprofundar ainda mais no passado da personagem. Nesse caso, além do filme entrar naquela tão debatida questão entre audiências de que, até que ponto é tão necessário assim entrar a fundo nas origens de personagens icônicos, com passados não tão esclarecidos, Cruella acaba também por quebrar um pouco o ritmo da projeção, caminhando para um final que, apesar de satisfatório de forma geral, possui uma outra decisão exagerada (e aqui, para evitar spoilers, não entrarei em muitos detalhes).

    De qualquer forma, Cruella é uma grata e extremamente bem vinda supressa. É claro que o longa não agradará a todos (algum filma já conseguiu isso na história?), principalmente a parcela do público mais conservadora e que aprecia o mistério por trás de seus personagens favoritos. Apesar disso, o filme prova que, dependendo do tipo de história que será explorada e das pessoas envolvidas, adaptações em live action podem, sim, possuir estilo, originalidade e uma identidade própria, que saia de algo óbvio e genérico. Que o futuro nos traga cada vez mais blockbusters que comprem essa ideia!

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