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    Crítica: Fuja é de longe o melhor suspense dos anos 2020 e 2021 até então.

    Crítica: Fuja é de longe o melhor suspense dos anos 2020 e 2021 até então.

    5 min.06/05/2021Lara Rodi

    "You can't escape a mother's love"; esse é o slogan do filme Fuja. "Você não pode escapar do amor de mãe", esse é o literal significado do slogan anunciado no pôster da obra.

    O filme, primeiramente estreado em 2020 nos Estados Unidos, foi disponibilizado apenas esse ano pela plataforma da Netflix e, em menos de duas semanas, se tornou um dos top 10 mais assistidos no Brasil.

    Um pouco sobre o filme...

    Dirigido por Aneesh Chaganty, a narrativa fala sobre a relação de Diane Sherman (Sarah Paulson), com sua filha Chloe (Kiera Allen). A trama começa com o nascimento de Chloe e a apresentação de suas diversas dificuldades para continuar viva, sendo elas : arritmia, asma, paralisia e diabetes. Em um primeiro momento vemos Diane sofrendo na margem de desespero quando acredita que irá perder sua única filha.

    Contudo, o filme nos joga para anos depois, onde Chloe já está uma menina formada. Logo na primeira cena de Chloe notamos que sua paralisia ainda permanece e que ela usufrui de cadeiras de rodas. Em seguida o diretor nos apresenta a enorme quantidade de remédios ingeridas pela personagem para que seu corpo continue funcionando. Diane aparece como a mãe cuidadosa que prepara as refeições meticulosamente como se a vida da filha dependesse de cada detalhe.

    Fuja, com Sarah Paulson

    Como qualquer bom filme de suspense, a ação começa após certos acontecimentos, através dos quais Chloe começa a desconfiar da índole de sua mãe e de suas intenções para com ela.

    Atuações impecáveis

    É possível notar, através da apresentação do roteiro como Diane é fixada na filha, o que vai de encontro a cena em que a mesma se encontra em um grupo de apoio para pais de filhos com deficiência. Quando perguntam a Diane como ela está lidando com o fato de Chloe estar quase a beira de sair de casa para faculdade, ela apresenta um discurso quase que agressivo em relação as outras mães, afirmando que Chloe é completamente capaz de se cuidar sozinha.

    Sarah Paulson tem que ser elogiada particularmente nessa cena, pois ao abrir um sorriso e expor seu ponto de vista extremamente maduro, é possível sentir que, em toda aquela afirmação, existe pavor. Mas o elogio vem, devido ao fato de que mesmo sendo visível que os sentimentos de Diane não condizem com suas palavras, a atriz Sarah consegue passar uma segurança ao público, gerando admiração pela personagem ao invés de repulsa e desconfiança.

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    Além de Sarah, Kiera não fica para trás em sua performance. Na cena em que Chloe se levanta da cama sozinha pela primeira vez, é possível notar que suas pernas não são extremamente paralisadas, o que a primeira vista pode parecer um erro da atriz, contudo, conforme a narrativa se estende e os segredos são revelados, a genialidade de Kiera é exposta. Ela não poderia ter as pernas 100% paralisadas, visto que a mesma não possui uma real disfunção. Assim como Sarah, Kiera Allen merece o reconhecimento pelo arco de seu personagem que foi muito bem trabalhado.

    Roteiro simples e eficiente

    O Roteiro de fuja não é inovador, principalmente por se assemelhar muito a série de sucesso: "The act", do Hulu. The act conta a história de uma mãe com síndrome de Münchhausen, transtorno psicológico em que a pessoa simula sintomas ou força o aparecimento de doenças, e assim como em "The act", Fuja representa uma mãe com o mesmo transtorno. Todavia, o roteirista Sev Ohanian traz um background para Diane, diferente da série "The act".

    Diane realmente teve uma filha com inúmeros problemas, como mostrado no início do filme, o único problema é que a sua filha faleceu após o nascimento, fato que só é revelado ao final da trama. É sabido que traumas fortes como a perda de um ente querido possam desencadear alucinações e transtornos, que, nada mais é, do que a vida toda de Diane e Chloe: uma alucinação. Logo, essa construção do passado de Diane representado por flashbacks, é o diferencial no roteiro que poderia ter se perdido na mesmice.

    O que faz de Fuja um filme especial?

    Além do plot, o roteiro é ritmado e inteligente. Diferente da maioria dos filmes de suspense/terror, Fuja apresenta uma protagonista altamente inteligente, que luta pela sua vida com garras e dentes. Chloe não tem medo e age racionalmente. Sabe aquele momento quando você está assistindo a um filme de terror e na tela o protagonista ouve um barulho, saindo imediatamente para investigar, enquanto dentro de você só vem o pensamento: "Não faz isso..."? Pois então, Fuja não permite indagações como essas. Pelo fato de Sev apresentar uma personagem forte, corajosa e racional, o que na minha opinião é o que dá 90% do brilho da narrativa, em todo o momento vemos a personagem fazer as decisões que nós mesmos faríamos em vida real.


    O gosto de um personagem inteligente em tela, não tem preço, pois o humaniza, o aproxima da realidade e, em consequência conecta-o com o público, que é o mais importante e o mais desafiador quando se trata de um roteiro e uma trama bem escrita.

    Sobre direção, é possível afirmar que Aneesh Chaganty não poupou na emoção e na perfeita escolha de planos e cortes. Em parceria com a montagem precisa, com cortes certeiros e uma fotografia simples que fala por si só, Aneesh consegue trazer a tensão constante e o poder da dúvida a cada segundo.

    De longe, podemos afirmar que Fuja é o melhor suspense dos anos 2020 e 2021. Uma história cativante, palpável e assustadora. 1h e 39 minutos, esse é o tempo que você, expectador, irá passar roendo suas próprias entranhas e imaginando: "Meu deus e se fosse a minha mãe?".

    Lara Rodi.

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