Star Wars: A Ameaça Fantasma — Os 25 anos de um filme melhor do que as pessoas se lembram!
Quando “Star Wars — Episódio I: A Ameaça Fantasma” chegou aos cinemas em 1999, as expectativas dos fãs atingiam níveis estratosféricos. Naquela época, “Star Wars: O Retorno de Jedi” (mais tarde renomeado para “Star Wars — Episódio VI: O Retorno de Jedi”), lançado em 1983, marcou a última aparição da saga de George Lucas na telona. Ao longo de quase duas décadas, restava então aos seus adeptos se contentarem com dois filmes focados nos Ewoks (Caravana da Coragem e A Batalha de Endor), algumas animações, o material do universo expandido (livros, quadrinhos, jogos) e muita imaginação a respeito das possibilidades desse universo.
Era 1994 quando George Lucas anunciou que Star Wars finalmente voltaria aos cinemas. Para celebar os 20 anos do lançamento do primeiro filme (“Star Wars”, de 1977), a primeira trilogia (ou “Trilogia Original”) seria relançada em versões remasterizadas no ano de 1997. Depois, começando em 1999 por “A Ameaça Fantasma”, uma nova trinca de filmes contaria as origens de Darth Vader, o vilão ícone do cinema e da cultura pop.
Nesse cenário, não seria um exagero afirmar que o “Episódio I” foi um dos filmes mais aguardados da história do cinema. O seu sucesso comercial foi marcante: esse primeiro dos três novos capítulos pretendidos por Lucas foi a maior bilheteria do seu ano de lançamento. Porém, a decepção de uma parcela dos críticos e dos fãs da época seria tão grande quanto as expectativas criadas.
Agora, exatos 25 anos desde o seu lançamento original e passadas algumas realizações da franquia tão questionáveis quanto sob o comando da Disney — que adquiriu a Lucasfilm em 2012 por cerca de U$ 4,5 bilhões — Ameaça Fantasma é, de toda e qualquer forma, um filme com muito mais méritos do que a maioria das pessoas costumam se lembrar.
Na trama, acompanhamos a história do Jedi Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e seu aprendiz Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). A dupla é enviada para o planeta Naboo para resgatar a jovem Rainha Amidala (Natalie Portman) das mãos de uma gananciosa Federação de Comércio. No meio da viagem, entretanto, eles acabam se vendo presos no planeta desértico de Tatooine. Por lá, eles encontram um jovem escravo chamado Anakin Skywalker (Jake Lloyd), que chama atenção por ser extremamente poderoso com a Força.
De fato, não estamos diante de um longa perfeito. A montagem do episódio I por vezes é muito picotada entre seus núcleos narrativos. Também é perceptível, em algumas cenas específicas, a ausência de uma mão mais firme na direção de atores. Quem conhece sabe que essa sempre foi uma limitação de George Lucas enquanto cineasta — e Jake Lloyd foi quem mais sofreu com isso de todo o elenco.
Entretanto, suas limitações são apenas detalhes de um filme que imagina o Universo Star Wars enquanto Cinema de uma forma muito mais criativa e mais apaixonada do que a maioria dos produtos que surgiram na era Disney — em sua maioria obras que se apropriam de uma mera reciclagem da iconografia e de conceitos que consagraram a franquia em sua primeira trilogia.
Ameaça Fantasma, apesar dos pesares, vibra a vontade de George Lucas em explorar as engrenagens dessa Galáxia distante além do conceito da “Fantasia Espacial” — que também nunca é abandonado.
Se alguns momentos de Anakin em cena soam até “bobos”, Lucas, por outro lado, consegue entregar outros em que Jake Lloyd transparece um altruísmo e bondade para a figura do jovem Skywalker de forma bastante genuína — como é o caso da emocionante despedida entre ele, agora livre, e sua mãe Shmi (Pernilla August). É triste, ao ver cenas como essa, lembrar de todo o histórico problemático do ator mirim após o longa.
Ademais, em meio a uma ou outra decisão criativa questionável (como a tão polêmica adição dos Midchlorians e sua relação com a Força), a sequência das Corridas de Pod em Tatooine e o clímax com o duelo entre Qui-Gon e Obi-Wan contra o vilão Darth Maul (Ray Park)— embalado pelo lendário tema de John Williams “Duel of The Fates”— são exemplos de sequências espetaculares aqui presentes.
E se essas passagens ressoam a energia, tensão e o entusiasmo dos momentos mais gloriosos de Star Wars, a inserção de uma trama política — um dos pontos mais questionados por fãs ao longo dos anos — foi uma escolha diferente das mais interessantes.
Com ela, o universo Star Wars ganha camadas além da alegoria direta do bem contra o mal. Por trás da beleza de Naboo, de Gunga City, de Coruscant, do design das naves e do desfile de figurinos variados da Rainha Amidala, também há a escravidão, a ganância, impasses a serem deixados de lado entre povos e um sistema político corrompido tomado por um senado ineficiente — aspecto esse que, no filme, se torna a semente da ascensão do senador Palpatine e de seu plano de derrubar a república estabelecendo um Império ditatorial.
Assim, a vontade de inovar era — e sempre foi — o combustível criativo de George Lucas. E isso, no Episódio I, não se limita apenas aos fatores listados anteriormente, abrangendo também um lado de experimentação com o uso de tecnologias digitais como o CGI (Imagens Geradas por Computador). Essa caracterísitca viria a ser de suma importância para a indústria do cinema, que colheria os frutos desse filme — e dessa nova trilogia como um todo — nos anos e décadas seguintes ao seu lançamento.
“Star Wars — Episódio I: A Ameaça Fantasma” pode até não ser perfeito, mas é uma aventura Star Wars honesta, com coração e que diverte. Mais do que isso, é um filme que ilustra uma época em que a saga era o reflexo do trabalho de um cineasta com uma visão criativa e artística que ia além da atual necessidade do lucro incessante para satisfazer os acionistas de uma multinacional bilionária.
Para mais informações fique ligado no Maratonando POP e nos siga nas redes sociais!
Confiram também o InstaGeek88