Sucesso de Thunderbolts* marca virada estratégica da Marvel Studios, após anos de excessos e desgaste criativo
2 min.
04/05/2025
Ériton Cláudio
O sucesso estrondoso de Thunderbolts* nos cinemas e entre os críticos parece ter reacendido a chama do entusiasmo em torno do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). O longa, que une personagens moralmente ambíguos em uma missão suicida, foi recebido com elogios ao tom mais contido e ao roteiro focado — sinal de que a Marvel ainda tem fôlego criativo quando aposta em qualidade acima da quantidade.
A repercussão positiva chega em um momento crucial. Após anos de críticas ao excesso de lançamentos e à queda na qualidade das produções, a Marvel Studios reconhece internamente os erros cometidos. De acordo com uma reportagem do The Wall Street Journal, Kevin Feige, diretor criativo da Marvel Entertainment, admitiu que a experiência de acompanhar o MCU havia se transformado em uma espécie de “lição de casa”, em vez de um entretenimento envolvente.
Na tentativa de abastecer o Disney+ com um fluxo constante de conteúdo, o estúdio acabou sobrecarregando seu público com séries e filmes interconectados demais — o que, segundo Feige, diluiu a força das narrativas. A estratégia estressou também os bastidores da empresa: roteiristas e produtores relatam dificuldades em obter retorno de Feige a tempo, e muitos projetos passaram por reformulações às pressas após semanas de trabalho sem direcionamento claro. Houve até relatos de funcionários "correndo atrás" de Feige pelos corredores para conseguir respostas.
Agora, o estúdio passa por uma reformulação interna, comandada diretamente por Feige, com foco em reduzir a produção simultânea e dar mais espaço para histórias autônomas. Novas séries em desenvolvimento não exigirão conhecimento prévio do MCU, o que representa uma tentativa de reconquistar o público casual e evitar a sensação de "obrigatoriedade" nas maratonas.
Thunderbolts* se destaca justamente por seguir essa nova filosofia: um filme com identidade própria, sem depender do histórico de mais de 30 filmes e diversas séries para ser compreendido. A boa recepção pode se tornar um marco dessa nova fase, mais enxuta, mais criativa — e, principalmente, mais acessível.
Se os próximos lançamentos seguirem o exemplo de Thunderbolts*, a Marvel poderá, enfim, retomar o equilíbrio entre continuidade e inovação. Afinal, como mostrou a resposta do público, o estúdio ainda sabe como conquistar suas audiências — desde que pare de tentar fazer tudo ao mesmo tempo.